12 setembro, 2013

15 anos de saudade

Faz hoje 15 anos que te vi pela última vez. Acho que nunca te escrevi como o vou fazer hoje.
Então, dizia eu, há 15 anos atrás foi o nosso último encontro (terreno...). Recordo-me com precisão que era sábado e eu cheguei esbaforida a casa da minha madrinha, quando dou de caras contigo. Era muito jovem e igualmente tonta, naquela pressa louca de viver, bem típica de quem tem 20 anos e acabou de descobrir a vida. Tinha imensos planos, queria ir à Feira de S. Mateus com as minhas amigas, a noite prometia!
E foi naquela mesa que tantas vezes me parece ver-te ali mesmo sentado como te vi naquele dia, que tivemos uma conversa que apesar de breve contribui para tudo o que se veio a passar na minha vida.
Dizias-me tu que estavas com dúvidas, que sentias um amor imenso por uma pessoa e que tinha chegado a hora de lutar por ela porque a vida é curta e deveríamos lutar pelo que realmente queremos. Confesso que naquela hora aquilo fez algum sentido, mas eu era muito nova, achava-me imortal e tinha todo o tempo do mundo!
Recordo-me de ter pensado que dois dias antes tinha ido ver o filme A Cidade dos Anjos e aquilo tinha-me ficado a moer...que a vida muda num segundo e perdemos tudo sem às vezes termos lutado.
E dali saí com a convicção de que era mais um dia normal e que farias parte da minha vida como sempre fizeste.
E fui viver intensamente!
No entanto nesse noite eu não me conseguia divertir, sentia uma agonia no peito e quis voltar para casa. Havia qualquer coisa de errado e eu não sabia o quê. Fui dormir e não conseguia, o cão não parava de uivar e como sou supersticiosa fiquei com medo.
Passava pouco das 8 da manhã quando o telefone tocou no andar de baixo e acordei num ápice...algo estava errado. As lágrimas da minha mãe disseram o resto...houve um acidente.
Daí para a frente recordo-me de ter sentido tantas coisas que nem sei catalogá-las. Apenas sei que quando vi a ambulância totalmente parada, soube que já não estavas entre nós.
O meu mundo de teenager desabou. Percebi que não era imortal. Percebi que a vida é muito filha da puta às vezes e que temos que crescer, muitas vezes à força.

É necessário o caos cá dentro para gerar uma estrela. (Friedrich Nietzsche)
 
Percebi também que a minha vida era isso mesmo, minha! Decidi que queria vivê-la à minha maneira, lutar pelo que queria. E assim foi. E assim é. E assim espero que seja sempre.
Claro que o tempo passa, e a saudade só aumenta. Nunca se esquece quem se ama.
Mas o ser humano só funciona assim. Só quando somos colocados em situações extremas de dor é que entendemos e damos valor àquilo que é uma bênção - a vida!
Sei que em muitas das vezes que me sinto só, perdida, sem rumo, estás aqui algures comigo. Que te orgulhas de mim, estejas onde estiveres, é sempre o que penso nas conquistas.

Pelo que me ensinaste, faço sempre questão de dizer às pessoas que amo o quanto as amo. De pedir perdão antes que a noite chegue.
De não me deitar com ódio ou raiva no coração, porque se o meu mundo acabar hoje sei que disse o que queria dizer, sem filtros e sem orgulhos tontos que não nos levam a lado nenhum.
Já amei, já perdi, já sofri e já chorei. Sei que farei tudo de novo, e sei também que não mudaria nada, porque quando me deito sei que não me esqueci de dizer nada a ninguém. Isso não tem preço.
Pela eternidade...o meu amor por ti F.
 
Hoje em especial oiço sem parar a tua música, é a minha homenagem a ti.
Enigma - Return To Innocence
 
 
 
 
 

3 comentários:

  1. Que texto lindo, querida. Deve ser assim mesmo. Beijo grande.

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  2. Obrigado minha linda. Um beijo para ti

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  3. Linda carta e com certeza que lá do céu ele se orgulha muito de ti :* T.

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