26 julho, 2013

Olá Lisboa!

Começa assim a música dos Tara perdida - com a voz do Tim dos Xutos:  Olá Lisboa, pela primeira vez...
E o meu coração pára um bocadinho, sustenho a respiração e engulo em sêco.
Esta tem sido uma semana particularmente difícil, diria mesmo a mais difícil desde que estou aqui.
Assim e sem que nada o fizesse prever, há um par de dias desato numa choradeira imensa.
Bateu-me a Saudade, aquela que eu sabia que iria acontecer mais dia menos dia. Aquele dia em que assimilaria que o meu bilhete era só de ida e que não havia regresso.
De repente bate forte, tão forte que só as lágrimas tomam lugar. Cerro os olhos, lembro-me daquelas pessoas, aquelas que durante estes anos todos estavam mesmo ali e hoje eu preciso delas, mas elas estão a milhares de kms de mim, a 5 horas de GMT. Longe, demasiado longe para me darem um abraço.
Começo a procurar na minha memória os sorrisos, os risos, as brincadeiras, os abraços, as minhas pessoas.
É certo que se parte e se traz apenas uma parte do nosso coração, porque a maior parte do meu ficou em Lisboa, ficou em Viseu, ficou espalhado pelas pessoas que amo profundamente.
Respira-se fundo, troca-se o pensamento, foco noutras coisas e tento não pensar. Por vezes concluo que quanto mais falo com as pessoas mais difícil se torna de suportar a saudade, então distancio-me um pouco para se tornar mais suportável viver longe de tudo o que se ama. Esta música fica para Dezembro, quando voltar a ti "Lisboa", e serás só tu e eu.


Olá Lisboa, pela primeira vez
Olá Lisboa, pela primeira vez

Lembro-me de ti
Como se fosse um regresso a casa
As ruas escuras à noite
O medo de quem quer voltar

E passo por ti
Condenado a sentir um vazio
Na hora de te abandonar
A lembrança de quem quer ficar
A cidade por descobrir
Um adeus, vou partir

Lisboa, és só tu e eu
Lisboa, és só tu e eu

Confesso-me a ti
Ó cidade de noite encantada
Lembras-me a vontade
Hoje eu vou ficar

Agarro-me a ti
Confrontado a saudade que sinto
A hora está-se a aproximar
As memórias de quem quer voltar
Um segredo que vou descobrir
O adeus, vou partir

Lisboa, és só tu e eu
Lisboa, és só tu e eu

E passo por ti
Condenado ao vazio
A ansia de querer voltar
O adeus que não te vou dizer

Espero aqui
Com o mar controlado
A história de ter um passado
A idade de te conhecer
A cidade por descobrir
O adeus, vou partir

Lisboa, és só tu e eu
Lisboa, és só tu e eu

22 julho, 2013

Hi Toronto, I’m ready for you!

Eu sei, tenho andado muito preguiçosa e à conta disso zero updates no blog. Bem, tardo mas não falho.
A mudança:
Isto de mudar de país tem muito que se lhe diga como podem imaginar. Tem sido uma lufa-lufa e para as coisas acontecerem é requerida uma enorme dose de paciência.
É como começar de novo: nova segurança social, nova conta bancária, nova casa...e tudo isto está dependente ou se quisermos interligado. Só podia pedir o SIN (segurança social) depois de ter o visto. Só podia abrir conta depois de ter o SIN. Só podia pedir o processamento de ordenado depois de ter a conta no banco. E só posso alugar casa depois de todos eles estarem cumpridos. Ora isto tudo, leva tempo e consome energia.
Bem ,mas já começo a ver a luz no final lá da estradinha eheh. Já consegui uma casinha bem pequenina, uma vivenda em downtown, mesmo pertinho de tudo com garagem e tudo. Agora vem a parte gira e cansativa que é decorar e comprar tudo de novo.
Depois disto só fica a faltar o carro. Por mim ía por um Fiat 500 assim vermelho, bem girly ou por um mini cooper, mas vai depender do preço, até porque o carro vai fazer mais ou menos falta. A prioridade é comprar uma bicicleta para andar pela cidade, pois ao contrário de Lisboa, é uma cidade completamente plana e com passeio para ciclistas de uma ponta à outra. Tenho amigos que usam a bicicleta como único meio de transporte durante 365 dias. Vou fazer o teste, depois contarei a minha aventura.
 
A adaptação:
Bem, nesta parte ainda não consigo ter uma opinião formada. Todas as pessoas que conheço são portugueses na mesma situação que a minha e na mesma faixa etária. O único canadiano com quem convivo é o meu agente imobiliário, que deita por terra a cena do “Don’t touch, don’t kiss, don’t hug” pois cada vez que me vê faz as três sem demoras (se estão a pensar coisas parem já, porque ele é gay e casadíssimo).
Os clientes até ver são muito parecidos com os da Europa central e norte, por isso ainda não estranhei assim tanto.
Penso que quando mudar mesmo para o centro da cidade vou começar a viver mais a cidade em si e aí terei uma ideia mais assertiva sobre o tema. No entanto, e como tenho olhos, confirmo que os canadianos citadinos são muito giros, vestem bem e são bem apelativos J
O clima:
Até ver nada a ter medo. Está um calor infernal. E quando digo infernal não estou a exagerar. Chegamos a estar a 38 graus, e como eles usam muito aqui “feels like” 43 graus! A humidade é imensa e estamos constantemente a transpirar. Sem contar que o sol queima imenso, não sei explicar, mas é diferente do nosso, queima mais e não se consegue estar muito tempo ao sol.
Quando chegar a Dezembro e vier aquele Inverno pesado vou com certeza lembrar-me mais ainda de Lisboa, da minha Lisboa.
O trabalho:
O trabalho em si é ela por ela. O escritório é que não é lá grande coisa, o que é uma pena. Depois das poucas vezes que vou lá acabo sempre a almoçar sozinha, não conheço quase ninguém e é um bocadinho triste. Tenho que lembrar muitas vezes porque estou ali...
O turismo:
Bem, estar deste lado do continente abre-nos um leque imenso de viagens que antes eram caras e agora se tornam mais comportáveis. Para ajudar, aqui há bastantes feriados à segunda-feira o que nos permite dar uma fugidinhas por aí.
No próximo fim-de-semana prolongado vou até Nova Iorque ter com uns amigos. No próximo estou a pensar em Las Vegas ou Miami. Havai está equacionado para Setembro. E em Novembro penso que vou até Cuba gozar as férias de verão que não vou ter. Tudo isto dá ânimo para suportar o facto de não ter praia e não poder bronzear J
De resto tem sido como é sempre a minha vida, uma aventura. Acontecem-me sempre coisas...do género ser convidada para um encontro em pleno supermercado. Ser abordada no centro comercial e convidada para ir beber um café lol.
Esta semana estou numa cidade chamada Ottawa, na província de Ontário, depois vou para o Québec. Estou contente pelos novos sítios que vou conhecer, vai ser uma grande experiência certamente.
Sobre Portugal (só de pronunciar dá um nó na garganta)...o melhor exemplo foi que a senhora do Rent a Car, que é apaixonada por Lisboa, me perguntou “Do you miss Lisboa? E eu respondi “Every single day”.
Mesmo os canadianos perguntam-me imensas vezes, mas porquê o Canadá? Ou porque deixaste um país tão lindo para vires para aqui? E de cada vez tento explicar o melhor que consigo.
Eu não tenho qualquer arrependimento da decisão que tomei, muito pelo contrário.
Coisas que antes me atormentavam devido à proximidade, hoje começam a ser apenas um nébula bem longínqua de uma vida que efectivamente não era para ser a minha.
O facto curioso é que as pessoas solteiras que conheci passaram por uma experiência parecida com a minha e no final tomaram esta decisão de recomeçar num outro lugar. Fiquei a pensar nisso no outro dia, se é natural ou se é uma fuga?
Não sei responder, mas penso que no meu caso é apenas uma luz de esperança renovada que me permite olhar para o futuro e ver um sem fim de possibilidades.
Também nem eu sei se esta aventura dura 1, 2 ou muitos anos, mas sei que neste momento onde me sinto bem é aqui e por vezes isso é suficiente. Saber acima de tudo que estou a viver a vida que quero, onde quero e com quem quero.
Hi Toronto, I’m ready for you!

19 julho, 2013

Desculpa querida mas és inteligente demais!

Revejo-me totalmente neste artigo!
Mas ficar é mesmo só para os homens a sério, os fracos vão à vidinha deles...e ainda bem para nós :)
 
 
Jamais me irei esquecer do comentário feito à minha pessoa, ainda eu andava pela casa dos 20, por uma ex-sogra: "acho que a Sofia é inteligente de mais para o meu filho". Confesso que na altura fiquei sem palavras, algo que seria impossível de acontecer agora, já que a minha capacidade de argumentação melhorou substancialmente.
Das duas uma, ou ela estava a dizer que eu era  uma espécie de Marie Curie, ou então achava que o filho tinha um cérebro de capacidades diminutas. Na verdade e naquela altura fiquei sem saber se as palavras proferidas teriam sido um elogio ou uma cena de ciúmes.
Meses mais tarde, e pela quantidade de vezes que ele optava por ir buscar a mãe ao trabalho, deixando-me pendurada, optando por viver no piso de baixo de uma vivenda geminada da matriarca, ao invés de dividir o apartamento comigo, cheguei à conclusão que foi sem dúvida um elogio, e ela fora uma leitora assídua do "Manual da mãe judia" , de Dan Greenburg, um clássico dos anos 60.

Afinal eles preferem-nas como?

Concluo, após dez anos passados (doze mais precisamente), que aquilo que eles afinal apregoam de "querer uma mulher inteligente" (salvo raras exceções), não é, nada mais, nada menos (façam soar os tambores) um verdadeiro mito urbano, uma mentira cabeluda e um verdadeiro "atirar areia para os olhos, porque fica bem, antes de dar uma queca dizer que sim, que "és linda e inteligente".
No singular cérebro másculo gostaria de avançar que as suas curtas sinapses os levam a concluir que as palavras "mulher" e "inteligência", são quase tão indiretamente proporcionais nos seus receios mais profundos, quanto "ballet" e "desporto". Não joga! Literalmente! E das duas uma, ou o Tico e o Teco levam o resto da vida a apanhar avelãs ou então ganham juízo e compram aquele creme de barrar espectacular feito chocolate e avelãs. Mas isso é lá com eles.
A mulher inteligente questiona, põe em causa e não finge em...nada, e isso dá uma trabalheira dos diabos, mas bem conquistada é uma amiga para a vida, uma amante inesquecível e uma companheira dos diabos. Um poço de virtudes, portanto! Por isso avancemos! Sem medos!
Bom fim de semana!