Eu sei, tenho
andado muito preguiçosa e à conta disso zero updates no blog. Bem, tardo mas
não falho.
A mudança:
Isto de mudar de
país tem muito que se lhe diga como podem imaginar. Tem sido uma lufa-lufa e
para as coisas acontecerem é requerida uma enorme dose de paciência.
É como começar de
novo: nova segurança social, nova conta bancária, nova casa...e tudo isto está
dependente ou se quisermos interligado. Só podia pedir o SIN (segurança social)
depois de ter o visto. Só podia abrir conta depois de ter o SIN. Só podia pedir
o processamento de ordenado depois de ter a conta no banco. E só posso alugar
casa depois de todos eles estarem cumpridos. Ora isto tudo, leva tempo e
consome energia.
Bem ,mas já começo
a ver a luz no final lá da estradinha eheh. Já consegui uma casinha bem
pequenina, uma vivenda em downtown, mesmo pertinho de tudo com garagem e tudo.
Agora vem a parte gira e cansativa que é decorar e comprar tudo de novo.
Depois disto só
fica a faltar o carro. Por mim ía por um Fiat 500 assim vermelho, bem girly ou
por um mini cooper, mas vai depender do preço, até porque o carro vai fazer mais
ou menos falta. A prioridade é comprar uma bicicleta para andar pela cidade,
pois ao contrário de Lisboa, é uma cidade completamente plana e com passeio
para ciclistas de uma ponta à outra. Tenho amigos que usam a bicicleta como
único meio de transporte durante 365 dias. Vou fazer o teste, depois contarei a
minha aventura.
A adaptação:
Bem, nesta parte
ainda não consigo ter uma opinião formada. Todas as pessoas que conheço são
portugueses na mesma situação que a minha e na mesma faixa etária. O único
canadiano com quem convivo é o meu agente imobiliário, que deita por terra a
cena do “Don’t touch, don’t kiss, don’t hug” pois cada vez que me vê faz as
três sem demoras (se estão a pensar coisas parem já, porque ele é gay e
casadíssimo).
Os clientes até
ver são muito parecidos com os da Europa central e norte, por isso ainda não
estranhei assim tanto.
Penso que quando
mudar mesmo para o centro da cidade vou começar a viver mais a cidade em si e
aí terei uma ideia mais assertiva sobre o tema. No entanto, e como tenho olhos,
confirmo que os canadianos citadinos são muito giros, vestem bem e são bem
apelativos J
O clima:
Até ver nada a
ter medo. Está um calor infernal. E quando digo infernal não estou a exagerar.
Chegamos a estar a 38 graus, e como eles usam muito aqui “feels like” 43 graus!
A humidade é imensa e estamos constantemente a transpirar. Sem contar que o sol
queima imenso, não sei explicar, mas é diferente do nosso, queima mais e não se
consegue estar muito tempo ao sol.
Quando chegar a
Dezembro e vier aquele Inverno pesado vou com certeza lembrar-me mais ainda de
Lisboa, da minha Lisboa.
O trabalho:
O trabalho em si
é ela por ela. O escritório é que não é lá grande coisa, o que é uma pena.
Depois das poucas vezes que vou lá acabo sempre a almoçar sozinha, não conheço
quase ninguém e é um bocadinho triste. Tenho que lembrar muitas vezes porque
estou ali...
O turismo:
Bem, estar deste
lado do continente abre-nos um leque imenso de viagens que antes eram caras e
agora se tornam mais comportáveis. Para ajudar, aqui há bastantes feriados à segunda-feira
o que nos permite dar uma fugidinhas por aí.
No próximo
fim-de-semana prolongado vou até Nova Iorque ter com uns amigos. No próximo
estou a pensar em Las Vegas ou Miami. Havai está equacionado para Setembro. E
em Novembro penso que vou até Cuba gozar as férias de verão que não vou ter.
Tudo isto dá ânimo para suportar o facto de não ter praia e não poder bronzear J
De resto tem sido
como é sempre a minha vida, uma aventura. Acontecem-me sempre coisas...do
género ser convidada para um encontro em pleno supermercado. Ser abordada no
centro comercial e convidada para ir beber um café lol.
Esta semana estou
numa cidade chamada Ottawa, na província de Ontário, depois vou para o Québec. Estou
contente pelos novos sítios que vou conhecer, vai ser uma grande experiência
certamente.
Sobre Portugal
(só de pronunciar dá um nó na garganta)...o melhor exemplo foi que a senhora do
Rent a Car, que é apaixonada por Lisboa, me perguntou “Do you miss Lisboa? E eu
respondi “Every single day”.
Mesmo os
canadianos perguntam-me imensas vezes, mas porquê o Canadá? Ou porque deixaste
um país tão lindo para vires para aqui? E de cada vez tento explicar o melhor
que consigo.
Eu não tenho
qualquer arrependimento da decisão que tomei, muito pelo contrário.
Coisas que antes
me atormentavam devido à proximidade, hoje começam a ser apenas um nébula bem longínqua
de uma vida que efectivamente não era para ser a minha.
O facto curioso é
que as pessoas solteiras que conheci passaram por uma experiência parecida com
a minha e no final tomaram esta decisão de recomeçar num outro lugar. Fiquei a
pensar nisso no outro dia, se é natural ou se é uma fuga?
Não sei
responder, mas penso que no meu caso é apenas uma luz de esperança renovada
que me permite olhar para o futuro e ver um sem fim de possibilidades.
Também nem eu sei
se esta aventura dura 1, 2 ou muitos anos, mas sei que neste momento onde me
sinto bem é aqui e por vezes isso é suficiente. Saber acima de tudo que estou a
viver a vida que quero, onde quero e com quem quero.
Hi Toronto,
I’m ready for you!
Lindo texto, já cá faltava uma crónica :) Esperamos mais lu T.
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