Texto retirado de http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/09/elviajero/1428578587_743743.html
10 lugares incríveis e (quase) sem turistas
A cidade anima o viajante a descobrir seus próprios rincões. Passeando sem rumo e esquecendo preconceitos, as surpresas estão garantidas. Estas são algumas maravilhas da Lisboa discreta. Tão discreta que, às vezes, nem se deixa ver.
01 Ateneu Comercial
Este palácio é um túnel do tempo. Passe, suba e abra portões de madeira como se fossem um labirinto; um dá para salões de lustres rococós, outro desvenda uma piscina ou um poliesportivo polidemolido. Este cenário de Blade Runner vara a noite como lugar de diversão de gente única. Rua das Portas de Santo Antão, 110.
02 Jardim Botânico Tropical
A multidão que rodeia o Mosteiro dos Jerônimos e a confeitaria dos Pastéis de Belém oculta este remanso de paz. Criado em 1906 como Jardim Colonial, não é uma exposição a mais de pinheiros, carvalhos e flores; é uma recriação da selva. A intimidade dos sinuosos caminhos, os pequenos rios e lagoas, e as esculturas indígenas nos trasladam à exuberante Macau. Largo dos Jerónimos.
03 Vila Berta
Uma colônia industrial, escondida atrás da populosa parada final do bonde 28, no Largo da Graça. Uma ruela com duas fileiras de casinhas com sacadas de ferro forjado construídas para os operários do começo do século XX. Rua Vila Berta.
04 Campo de Ourique
Não tem nada de espetacular, mas é um bairro encantador, harmonioso arquitetonicamente, todo com quatro pavimentos, de estilo racionalista dos anos sessenta; para quem é chegado em turismo, a casa de Pessoa e o mercado municipal transformado em mercado-butique.
05 Capela de Santo Amaro
Dizem que em 1749 marinheiros galegos ergueram esta capela sobre o Tejo e, desde meados do século XX, sob a ponte 25 de Abril. É um oásis urbano semiabandonado. É raramente aberta ao público, mas sempre está à vista o seu átrio semicircular forrado de azulejaria policromática, quase intacta. Calçada de Santo Amaro.
06 Praça das Amoreiras
Sombria, tranquila, escondida, com um agradável quiosque para emergências (café e sopa) e, em uma esquina, a Mãe d’Água, a cisterna subterrânea que recolhia no século XIX a água do aqueduto que ali termina.
07 Palácio Burnay
Foi embaixada da Espanha, mas o nome se deve ao banqueiro que o comprou posteriormente, e que o enriqueceu com pinturas e estuques. Hoje abriga algum órgão público que o mantém fechado. Não deixam passar do vestíbulo, e só isso já é uma maravilha. Rua da Junqueira, 86.
08 Jardim Bordalo Pinheiro
Se Barcelona tem Gaudí, Lisboa tem Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905); aquele, arquiteto, este, desenhista e ceramista; aquele, santarrão, este, sátiro dos poderosos; ambos com ilimitada imaginação. O Museu da Cidade recriou seu jardim com cerâmicas naturalistas de Bordalo: gigantescos lagartos trepam pelas paredes; da fonte surgem cavalos marinhos, caranguejos e mexilhões; moscas dos canteiros e macacos das árvores; caramujos se arrastam pela areia e um gato preto escaldado vigia toda a confusão. Uma loucura. Campo Grande, 245.
09 Cemitério inglês
Aberto em 1724 para dar sepultura aos britânicos ímpios, é o campo santo mais antigo da cidade e um remanso de paz e de histórias curiosas. Basta cruzar a rua para adentrar no jardim romântico de Estrela com um coreto de música e um quiosque de tira-gostos, acolhedor.
10 Museu Militar
O pátio dos canhões é único. Em suas quatro paredes, mosaicos de azulejos descrevem as batalhas mais importantes da história de Portugal, da reconquista de Lisboa à I Guerra Mundial. Largo Museu da Artilharia.